ZUMBIS EVANGÉLICOS
Tenho presenciado certo
tipo de comportamento entre os evangélicos que me chama a atenção.
Comportamento esse que me remete aos filmes de terror que estão em profusão na
mídia como: “Extermínio; A Noite dos Mortos-Vivos; House of the Dead; The Walking Dead. Etc”. Nesses
filmes a tônica se dá em cima de seres que morreram e de alguma maneira
voltaram a viver e mostram comportamentos de mortos vivos, um zumbi. São seres
que vivem a perambular e a agir de forma estranha e instintiva; um morto-vivo;
um ser privado de vontade própria e sem personalidade.
Com
isso quero dizer que muitos cristãos assumem comportamentos que em nada se
assemelham à vida cristã cheia do Espírito e equilibrada pela Palavra de Deus.
Tais cristãos abdicam de suas mentes e mentalidades para assumirem outras
totalmente alheias. Vivem em um mundo utópico onde a realidade vivida não
condiz com a que deveria ter. Simplesmente não conseguem parar e mudar o rumo
daquilo que assumiram como status de vida. Procuram não sabem o que, nem onde.
Simplesmente continuam existindo sem um sentido para vida. Sem este sentido
para a vida ela perde seu significado e logo a existência torna-se algo
cansativo e bolorento.
Ouço
cristãos reclamando da frieza de suas igrejas, que algo errado está acontecendo
e não sabem explicar. Tornam-se saudosistas como se o passado fosse uma época
áurea e agora uma era perdida. Assim vão assumindo estilos de vida blasfemos
diante de Deus. Transportam o consumismo do capitalismo para o meio gospel.
Isso é notório diante dos espetáculos oferecidos pela zubilândia gospel de seus
cantores.
Não
consigo digerir essa coisa indigesta de artistas gospel. Estes demonstram em
suas apresentações que são zumbis. São mortos vivos sem vida, mas somente
instintos.
Pregava
em uma igreja fora do meu estado. No período de louvor presenciei uma das
piores cenas em uma igreja como nunca havia visto. O jovem que dirigia o louvor
transformou-se por completo. Subiu ao altar e começou expressar-se como se
fosse uma estrela. Não estava preocupado com adoração em si, mas em dar seu
show particular diante de uma plateia. Plateia sim, pois acriticamente faziam
tudo que era ordenado do altar. Então observei o rosto do dirigente de louvor.
Aquelas expressões de sofrimento e angústia como se entrar na presença de Deus,
onde há delícias perpetuamente conforme o salmo 16, fosse algo transtornador.
Começou a pular, bater palmas, gritar, correr pela igreja, marchar no mesmo
lugar. Olhei a congregação que estava entrando em transe. A mesma frase de uma
música repetida várias vezes e a música com uma bateria forte, bem com o
contrabaixo explodindo, fazia o peito vibrar como uma caixa de som.
Quando
fui apresentado à igreja e apresentei o texto que seria base para o sermão, não
pude deixar de ver o jovem, dirigente de louvor, assentado no primeiro banco da
igreja totalmente extenuado, exausto, esgotado. Seu semblante espelhava que não
havia energia alguma em seu corpo e alma. Vi com dó aquele jovem totalmente
desligado do ambiente que a bem pouco tempo fora palco de seu show particular.
Para mim era um zumbi evangélico bem à minha frente. Totalmente instintivo,
privado de vontade e autómato. Por alguns segundos me lembrei do apóstolo Paulo
dizendo para os romanos no cap. 12:1-2, para que se apresentassem diante de
Deus como um sacrifício vivo, santo e agradável que era o culto racional. Sim,
culto racional onde o que deve nos conduzir é a glória de Deus que não anula
nossa razão.
Esse
comportamento autômato que tem marcado grande parte da igreja evangélica
somente aponta para um sério problema: começou no Espírito e está terminando na carne. Parece-me que, para
muitos, tudo pode em um culto ou na vida cristã desde que seja aparentemente do
Espírito. Essa falta de consistência é exatamente a falta desse Espirito
vivificador e santificador em nosso meio. Sim, essa falta desse Deus
desconhecido para esta geração. Acham que muito barulho atrai Deus, mas
esquecem de que o que sensibiliza Deus é um coração quebrantado e contrito.
Assisti,
pelo youtube, uma entrevista de um destes cantores gospel no programa do Jô
Soares. Por quase 18 minutos o entrevistado em nenhum momento falou, exaltou e
mesmo apontou para o nome de Cristo. Antes contou piada, esclareceu cenas
pitorescas de sua vida, fez destacar sua personalidade, mas Cristo foi
totalmente preterido. Seu deus era seu próprio ventre.
Voltar
à razão é fundamental para que a igreja consiga apresentar as boas novas de
Cristo. Essa razão deve estar fundamentada na Palavra. Não é preciso alijar a
racionalidade para se alcançar uma boa espiritualidade.
Evangelho
nos faz mais humanos e mais sensíveis às coisas de Deus. Paulo nos diz em Filp.
1:9-11 “E peço isto: que o vosso amor cresça mais e mais em ciência e em
todo o conhecimento, 10 Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais
sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo; 11 Cheios dos
frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus”.
Paulo nos diz que
precisamos crescer mais e mais em conhecimento ou que o amor deve crescer mais
e mais através do conhecimento e discernimento para que possamos aprovar as
coisas de Deus. A ideia neste versículo é que o crescimento em conhecimento e
discernimento devem ser a tônica cristã. Assim conseguiremos discernir aquilo
que Deus aprova ou não. Isso é uma antítese de um zumbi evangélico, que é um
morto-vivo, sem mentalidade, vontade e crescimento, existindo por existir. A
vida cristã é muito mais significativa do que é apresentada por parte do
espectro evangélico atualmente. Neste texto de filipenses crescer em
conhecimento aponta para o fato de conhecer plenamente para saber discernir. O
crescer no conhecimento de Deus deve ser a meta do cristão, que se opõe a um
estilo de vida inativo e mórbido. Somente crescendo cada vez em conhecer a Deus
poderemos nos manter equilibrados diante dos rigores da vida e encontrarmos
sentido em suas nuances.
Cabe a cada um de nós
exercitarmos nosso coração e mente diante de Deus e conhecendo-o mais também
possamos amá-lo mais e servi-lo melhor.
Soli Deo Gloria
Pr. Luiz Fernando R. de
Souza